1.6.06

segue-me à luz / na escuridão não *

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não podias ter andado sem ser na minha peugada? tinhas que ter seguido sempre no meu encalço... tinhas que me ter forçado a correr quando eu queria andar de braços abertos e girar até me doer a cabeça? se te afasto é apenas para te mostrar que os nossos trilhos já não se tocam, não seguem o mesmo cardeal. olha bem à volta e vê se ainda reconheces esta paisagem! vê se ainda me (re)conheces, a mim!

agarras a minha mão há tempo demais, com força demais, como se não soubesses andar sem esmagar os meus dedos. não quero pisar o cimento com os pés descalços, não quero correr entre as nossas cinzas.

quero parar junto a todos os pinheiros e sentir o cheiro doce da resina. quero demorar-me a sorver as gotas de chuva das plantas. quero respirar o brilho da lua. quero sentir os mosquitos a rasarem a minha pele suada. preciso de o fazer para sentir a matriz dos meus ossos! para sentir o repique do meu coração e o sangue que me pulsa nas artérias!

podes chamar-lhes caprichos e excentricidades. podes chamar-lhes o que quiseres. mas como me podes pedir agora que te siga pelo caminho que desenhaste sozinho, com régua e esquadro, para nós? foi isso que nunca entendeste....




* pluto_bom dia| manuel cruz