29.5.06

asa ferida


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podias tê-la levado até à raiz. podias ter-lhe encostado aos lábios as palavras e estendido na tua mão o murmúrio do mar. podias então tê-la abraçado com os ramos e soprado a fina areia branca do seu corpo. nem uma única vez.

preferiste deixá-la esquecida, sentada na sombra.

ficou eternamente à espera da primavera, do azul e do amarelo, das papoilas, dos sorrisos, do dia. aos poucos fui-me doendo, desesperando.


deixas um pássaro agoniar só porque tens medo que ele voe?